Publicado por: Bernardo Annechino | 02/02/2009

Paguei pra ver: CT Brasserie

CT Brasserie
Perdão mestre Claude, mas não foi nenhuma ‘marrrrravilha’

Primeiro a Patroa foi sozinha. Depois, tentamos e não conseguimos. Strike três não! Ignoramos a fila já desagradável que se formava na porta do novo empreendimento de Claude Troigros e decidimos pela CT Brasserie custasse o que custasse. Acho que toda a expectativa e esse caos que se formou na entrada, com uma hostess absolutamente perdida e pessoas pseudo-importantes cantando patente para furar a fila (aconteceu efetivamente com duas atrizes de sucesso e talento duvidosos), contribuíram para a minha impressão bem ruim. Exceção feita à decoração, no mais perfeito clima de boteco-chique de sotaque francês, com direito a azulejos brancos e pretos no chão e quadros antigos nas paredes brancas de tijolo. Depois de muito esperar fomos acomodados (se é que se pode dizer isso) em uma mesa de canto, pequena e sem jeito. Bom, a promessa de uma boa refeição valeria o perrengue.

Cardápios na mão, fome no último furo, pedimos um couvert enquanto explorávamos a carta. Opções simples de clássicos franceses se misturavam com um sessão de grelhados e até mesmo pizzas. Junto com o couvert o garçon que nos atendeu trouxe ainda uma pitada de falta de tato, nos apressando na escolha, ao que tive que responder meio atravessado: “obrigado, mas gostamos de ler o cardápio.” Já que ele estava ali, agora meio sem jeito, quebrei o climão pedindo uma entrada de escargot provençal. Afinal, uma brasserie típica francesa seria a certeza de comer um bom caracolzinho. Os pães de campanha artesanais do couvert, deliciosos e quentinhos, foram perfeitos para aplacar a fome, e voaram. Assim como a pizza branca e o queijo de cabra. Quando o escargot chegou à mesa, já não havia migalha pra contar história.

À primeira vista a entrada empolgou. Dispostos de forma prática, já sem as conchas, os escargots eram grandes e carnudos. Um convite. Mas senti falta das torradinhas para acompanhar. Dei a primeira dentada, e uma surpresa. Parti para o segundo molusco, e confirmei. Pasmem, num restaurante francês a entrada carecia de alho. Aliás, alho, sal e sabor. Salpicados com farinha de rosca e ervas e regados com molho de manteiga com um toque de tomate, os escargots estavam longe de saborosos. Não consegui esconder o susto e pedi uma segundo opinião à Patroa, que confirmou. “Já comemos melhores…”

Agora a chance de uma reviravolta na minha opinião dependia da especialidade da casa, e um dos meus pratos favoritos: o 1/2 frango assado no forno a lenha. O sucesso do almoço e conteúdo desse Post dependiam da penosa. A patroa pediu um risoto de parma, brie e rúcula. Enquanto esperávamos, a Patroa saiu em defesa do estabelecimento, relembrando sua primeira experiência quando era a única mesa de uma quarta-feira chuvosa e pediu do menu executivo. Não adiantava, a responsabilidade do veredito recairia sobre as costas (ou peito) do frango. E de longe o avistei na bandeja. Pele perfeitamente dourada, carne fumengante e cheirinho de forno a lenha. Comecei a me animar. Prato na mesa e parti para a prova dos nove. Já na garfada pude  comprovar a maciez e suculência da carne. o molho, ou “jus”, era escuro, cremoso e extremamente aromático. Mais um ponto para a casa. Carne e molho misturados e direto pra boca. hmmm… Salvo por um franguinho. Saí do inferno para o céu, mas mantive o restaurante ainda no purgatório. Sal na medida, sabor delicado e presente do frango, completados por um molho absolutamente delicioso com ótima estrutura de sabor e acidez rica. Comi gemendo a cada garfada. Aliás, devorei. Não dei chance nem para o galete de batata ana que acompanhou, deliciosamente chamuscado em cima, com gostinho característico do forno a lenha. Ainda me aventurei a uma garfada no risoto da Patroa. Devia ter ficado no frango. Voltou o gostinho amargo da decepção quando percebi que o brie passou longe, e a textura estava passada um ponto acima do ideal.

Era hora de adoçar a boca novamente. E decidi não me arriscar e me ative a um clássico como sobremesa: crepe suzette, na versão soufle, criação já bastante famosa e tradicional do Chef Troisgros. Bingo, mais um ponto para ele. Leve, aerada e deliociosa, a massa do crepe era acompanhada de suculendo caldo feito com Grand Marnier, suco de laranja, suco de limão e gomos da laranja. Um bola de sorvete de creme completava a obra. E meu veredito. Numa brasserie que ousava no cardápio, as opções mais conservadoras se mostraram as mais acertadas. E  para um restaurante com a chancela de Claude Troisgros, com uma conta de R$ 90,00 por pessoa, a experiência não foi nenhuma marrravilha.


Trocando em miúdos:
CT Brasserie
Chef: Didier Labbé
Tipo: Francês
Onde: São Conrado Fashion Mall, terceiro piso
Comida: :-) (salvo pelo frango)
Ambiente: :-)
Serviço: :-/
Conta: $$$$


Respostas

  1. Sinceramente acho que precisamos voltar lá para vc resolver essa má impressão!
    Vai ser um sacrificio graaanddeeee

  2. Le Vin nele! :)

  3. Aliás, fui ano passado em um festival de Foie Gras no Le Vin que ficou gravado na memória para sempre. Assim que tiver notícia do festival 2009, vamos juntos.

  4. […] Brasserie (Avaliado. Post aqui!)Estrada da Gávea 899, 3º piso, São Conrado Fashion Mall 3322-1440Almoço e jantar, […]

  5. fui la sexta e tb nao gostei dos escargots. Tinham tanta gordura, embebida na farinha de rosca, que fiquei enjoada e nao pude pedir o prato principal.


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